esboço do agostinho


a fotografia o esboço.
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torreira; agostinho canhoto; 2013

 
o tempo escrito no grito
 
os amigos estão para além
da imagem que deles fizemos
 
são muito mais que uma foto
nela apenas o que deles vemos
sentimos julgamos saber
 
o agostinho é o pescador
é todos os que têm casa no mar
que a terra é perigosa
 
o agostinho é o agostinho
a foto é apenas um pouco dele
ou melhor é ele dentro de mim
 
nada mais que um esboço
depois da obra

gente da torreira


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durante muitos anos, e mais alguns espero, fotografei as gentes da torreira: no mar, na ria, nas ruas
 
há um amigo que gosta de das fotos fazer filmes, com as minhas fotos, e de outros também, e … fez mais este.
 
fica mais uma memória, mais uma viagem no tempo, que muitos tempos aqui estão.
 
obrigado a todos os que me deixaram fotografá-los e que sabem que nunca o fiz com outra intenção se não deixar a memória de um tempo e levar até mais longe, aos familiares emigrados, as imagens da terra e da família que tiveram de deixar.
 
um grande abraço do vosso amigo

os moliceiros têm vela (407)


pergunta ao mestre
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torreira; mestre zé rito; 2018

 
foram aprendizes nos estaleiros
dos mestres serviram
tudo fizeram que mandado fosse
 
não lêem os sofisticados desenhos
que vieram mais tarde
contar dos barcos a estrutura o ser
 
usam moldes e paus de pontos
saberes herdados na aprendizagem
não sabes o que são
pergunta ao mestre
 
poucos restam das antigas escolas
diria que uma mão de dedos cheia
basta para dizer quantos
 
por isso cada moliceiro fala do mestre
em silêncio
ou no símbolo que no leme o significa
 
não sabes o que é calafetar
pergunta ao mestre

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mãos de pescador
KONICA MINOLTA DIGITAL CAMERA

torreira; 2006

há quem olhe para os carros, outros para a marca da roupa, outros para os rostos …. outros devoram com os olhos o que não comem
 
todos buscam o mesmo: conhecer
 
eu olho para as mãos e sei que aqui, aqui, encontro tudo.
 
as mãos do pescadores são rudes, gretadas, feridas, mas extremamente limpas.
 
são mãos que o mar lava e areia esfrega.
 
são mãos de trabalho, mãos de homens e mulheres que trazem nelas a história de uma vida, de um amor, de uma guerra, de uma faina,….
 
de uma gana de ganhar a vida no mar

“Considerações políticas sobre a beleza da mulher” de joao habitualmente


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“Considerações políticas sobre a beleza da mulher” faz parte do livro “poemas físicos da frente para a retaguarda na curva interior da estrada”

 

 

postais da ria (357)


sentar os amigos à mesa
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torreira; safar redes; 2019

 
sentar os amigos à mesa
da palavra
matar a fome de estórias
 
costume português este
o da mesa e nela nos juntarmos
para no repasto sermos
 
quantas mesas se vergaram
ao peso das ideias
 
ao longo da nossa história
quantas palavras
voaram por cima de toalhas
e foram alimento
 
sentar os amigos à mesa
apenas isso
viver para esse momento
 
crónicas da xávega (348)

crónicas da xávega (348)


ainda estou aqui
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torreira; ti alfredo fareja; 2005

 
escondi numa gaveta
todas as palavras difíceis
 
escrevi então as coisas simples
onde habita o sentir
 
a memória os amigos o tempo
entraram pelas palavras
como coisa sua
simples
 
perguntaram por mim
e com as suas palavras lhes respondi
 
ainda estou aqui
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torreira; ti alfredo fareja; 2005